24 de fevereiro de 2006


O Jardim das Serpentes


É preciso enfrentar o calor, mas antes é preciso sentir o frio. Necessitamos aprender a lidar com o desgaste da vida, com a desfiguração dos sentidos e a perda da magia que nos impulsiona para as paixões. Falo do dar e do receber interno, dos sentimentos individuais, que me faz ser o que sou, e não como muitos acham que devo ser. Não vou acreditar que tudo que está a minha frente e que não vejo seja o mundo perfeito, pois não acredito que exista, se você não consegue explicar os mortos. Como amar as flores sem que os espinhos lhe machuquem? O amor e o perfume têm algo em comum, ambos são ilusões, e ilusões são perigosas, já parou para pensar por que as drogas são proibidas? O amor tem algo de mal ele quer tudo só para si, e o perfume é o seu cúmplice mais insolente, um criminoso, leve e suave. Amem então primeiro os espinhos e odeiem o perfume para então ousar voar nas asas desse anjo caído, o amor.
Já tentou descobrir a arte de ser feliz? Essa incrível arte de lutar pela infelicidade? Acho que sim, quem não tentou, mas digo-lhes que a verdadeira felicidade está em não fazer nada, fazer nada essa é a única e verdadeira recompensar pelo o nada que recebemos desde o dia em que nascemos. Mas ainda acho que nada é muito pela dor que guardamos, ou acha que os recém-nascidos choram de felicidade? E afirmo com a única coisa que me parece sincera, minha razão. Que a maior felicidade sempre é a dos outros, pois são capazes de viver sem sentir o que sentimos e amar o que não lhes pertence. É, eles são felizes de fato, mas nós, o verdadeiro povo, somos apenas números para a morte e para a injustiça, sua amada.
Sei que sou importante, sou amado e posso até ser o centro do Universo, mas todas as estrelas e o resto do lixo são capazes de viver sem minha existência, por isso a única mulher que amo, chama-se SataNika, mas só porque ela é uma santa, encontra-se longe e é feliz de verdade. Mas não pense que esta verdade seja igual a sua, uma vez que você ainda não sabe o que é verdade. A verdade pertence ao verdadeiro povo, o povo que mora acima do Deus das multidões, o Deus que dorme às escondidas com o diabo, usando a frágil e ignorante consciência das multidões que escolheu apenas servir-lhes, como leito de suas perversidade. O povo ao qual pertenço são supremos em sua própria sabedoria, pois esse povo nunca se iludiu pelas coisas do mundo, nem se deixou ser a ilusão de ninguém, para não serem amaldiçoados, quando muito o máximo que permitiram foi ser a verdade. E isso, não deixar de ser uma incógnita, pois de que adianta ser a luz, num mundo onde só existam cegos.


Supernova

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